"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olavo Bilac
2 comentários:
Olá, minha querida Dirce!
Amo esse poema do Bilac... ele traz algo que fala a mim bem perto: o fato de não me caber nessa vidinha sem graça do mundo real... eu necessito da fantasia como algo vital!
Penso como a minha amiga de longa data, a Clarice Lispector: "Não quero ter a terrível limitação de viver daquilo que é passível de fazer sentido. Eu não... eu quero uma verdade inventada."
Somente nesse mundo mágico do irreal é que me aproximo desse descontrole convulsivo a que muitos costumam denominar felicidade.
Abraços ternos, minha linda,
Clédson
Também amo esse poema, Cledson. É perfeito, esteticamente falando.É parecido comigo, com a minha santa loucura.
Nas minhas noites de angústia, também abro janelas e dialogo com estrelas. A minha alma é cheia delas, e consigo ouvi-las e entendê-las porque amo.
E todo amor tem um quê de loucura...
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